quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Autoestima, definição

Em psicologiaautoestima inclui uma avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (Sedikides & Gregg, 2003).
A autoestima envolve tanto crenças autossignificantes (por exemplo, "Eu sou competente/incompetente", "Eu sou benquisto/malquisto") e emoções autossignificantes associadas (por exemplo, triunfo/desespero, orgulho/vergonha). Também encontra expressão no comportamento (por exemplo, assertividade/temeridade, confiança/cautela). Em acréscimo, a autoestima pode ser construída como uma característica permanente de personalidade (traço de autoestima) ou como uma condição psicológica temporária (estado de autoestima). Finalmente, a autoestima pode ser específica de uma dimensão particular (por exemplo, "Acredito que sou um bom escritor e estou muito orgulhoso disso") ou de extensão global (por exemplo, "Acredito que sou uma boa pessoa, e sinto-me orgulhoso quanto a mim no geral").

Relação entre os termos autoestima, autoconfiança, autoaceitação e autoimagem[editar | editar código-fonte]

Se define como William James (1892) o "si mesmo" como o conhecimento que o indivíduo tem de si próprio, pode-se dividir esse conhecimento em dois componentes distintos: um descritivo, chamado autoimagem, e outro valorativo, que se designa autoestima. Outros dois termos são muitas vezes usados como sinônimos de autoestima: autoconfiança e autoaceitação. Uma análise mais aprofundada desses termos indicam uma sutil diferença de uso: Autoconfiança refere-se quase sempre à competência pessoal e é definida por Potreck-Rose e Jacob (2006) como a convicção que uma pessoa tem, de ser capaz de fazer ou realizar alguma coisa, enquanto autoestima é um termo mais amplo, incluindo por exemplo conceitos sobre as próprias qualidades, etc. Autoaceitação, por outro lado, é um termo ligado ao conceito de "aceitação incondicional" da abordagem centrada na pessoade Carl Rogers e indica uma aceitação profunda de si mesmo, das próprias fraquezas e erros (Potreck-Rose & Jacob, 2006). A autoestima, a autoconfiança e a autoaceitação tendem a estar intimamente ligadas e se influenciam mutuamente. O significado prático dessa inter-relação será tratado mais abaixo (ver abaixo "Psicoterapia para baixa autoestima").

Medição[editar | editar código-fonte]

Para os fins de pesquisa empírica, a autoestima é tipicamente avaliada por um questionário de autoavaliação que produz um resultado quantitativo. A validade e confiabilidade do questionário são estabelecidos antes do uso.

Autoestima, graus e relacionamentos[editar | editar código-fonte]

De fins dos anos 1960 até o início dos anos 1990, foi assumido como questão de fato que a autoestima de um estudante era um fator crítico nas qualificações obtidas na escola, em seus relacionamentos com os colegas e em seus sucessos posteriores na vida. Sendo este o caso, muitos grupos norte-americanos criaram programas para incrementar a autoestima dos estudantes, assumindo que as qualificações melhorariam, os conflitos decresceriam, e que isto levaria a um mundo mais feliz e bem-sucedido. Até os anos 1990, pouca pesquisa revisada e controlada sobre esse tópico foi feita.
O conceito de automelhoria vivenciou mudanças dramáticas desde 1911, quando Ambrose Bierce definiu zombeteiramente a autoestima como "uma avaliação errônea". Bom e mau caráter são conhecidos agora como "diferenças de personalidade". Os direitos têm substituído responsabilidades. A pesquisa sobre egocentrismo e etnocentrismo que municiou a discussão do crescimento e desenvolvimento humano em meados do século XX é ignorada; com efeito, os próprios termos são considerados politicamente incorretos. Uma revolução teve lugar no vocabulário do self. Palavras que implicam confiabilidade ou responsabilidade – autocrítica, abnegação, autodisciplina, autocontrole, modéstia, autodomínio, autocensura e autossacrifício – não estão mais em uso. A linguagem mais favorecida é aquela que exalta o indivíduo: autoexpressão, autoafirmação, autoindulgência, autorrealização, autoaprovação, autoaceitação, egoísmo e a onipresente autoestima (Ruggiero, 2000).
A pesquisa revisada empreendida desde então não tem validado as suposições anteriores. Pesquisas recentes indicam que inflar a autoestima dos estudantes por si mesma não tem efeito positivo sobre a qualificação dos mesmos. Um estudo demonstrou que o efeito pode ser justamente o contrário (Baumeister, 2005). Autoestima elevada se correlaciona com a felicidade autorrelatada. Todavia, não é claro se uma leva necessariamente à outra (Baumeister, 2004). Assim é relacionado os graus e relacionamento e autoestima.

Qualidade e nível da autoestima[editar | editar código-fonte]

O nível e a qualidade da autoestima, embora correlacionados, não são sinônimos. A autoestima pode ser elevada, mas frágil (por exemplo, narcisismo) e baixa, porém segura (por exemplo, humildade). Todavia, a qualidade da autoestima pode ser indiretamente avaliada de várias formas: (I) em termos de sua constância através do tempo (estabilidade), (II) em termos de sua independência ao se apresentarem condições particulares (não-contingência), e (III) em termos de quão entranhada ela esteja num nível psicológico básico (inquestionabilidade ou automaticidade)..

Bullying, violência e assassinato[editar | editar código-fonte]

Alguns resultados em estudos recentes, focam que bullyingviolência e autoestima estão interligados. Costumava-se presumir que os bullies agiam violentamente em relação aos outros porque sofriam de baixa autoestima (embora nenhum estudo controlado fosse oferecido para dar suporte a esta posição).
Estas banannagem sugerem que a teoria da baixa autoestima está errada. Mas nenhuma envolve o que os psicólogos sociais consideram como a forma mais convincente de evidência: experimentos de laboratório controlados. Quando conduzimos nossa revisão inicial da literatura, não descobrimos nenhum estudo de laboratório que provasse o elo entre autoestima e agressão (Baumeister, 2001).
Em contraste com velhas crenças, pesquisas recentes indicam que os bullies agem do jeito que agem porque sofrem de uma injustificada autoestima "elevada".
Criminosos violentos frequentemente se descrevem como superiores aos outros - em especial, como pessoas de elite, que merecem tratamento preferencial. Muitos assassinatos e ataques são cometidos em resposta a golpes contra a autoestima, tais como insultos e humilhação. Para ser mais preciso, muitos perpetradores vivem em ambientes onde insultos são muito mais ameaçadores do que a opinião que tem de si mesmos. Estima e respeito estão ligados ao status na hierarquia social, e desonrar alguém pode ter consequências tangíveis e mesmo acarretar risco de perder a vida.
A mesma conclusão emergiu dos estudos de outra categoria de pessoas violentas. É relatado que membros de gangues de rua possuem opiniões favoráveis sobre si mesmos e recorrem à violência quando estas avaliações são contestadas. Bullies de "playground" consideram-se superiores às outras crianças; baixa autoestima é encontrada entre as vítimas dos bullies, não entre os próprios bullies. Grupos violentos têm um sistema de crenças público, que enfatizam sua superioridade sobre os demais (Baumeister, 2001).

Autoestima e motivação econômica[editar | editar código-fonte]

Adam Smith discute o individualismo como uma motivação econômica; esta ideia também está presente nos trabalhos de Nathaniel Branden.


Referências[editar | editar código-fonte]

  • Baumeister, Roy F. (2001). "Violent Pride", Scientific American284, No. 4, pp. 96–101.
  • Baumeister, Roy F., Campbell, Jennifer D., Krueger, Joachim I. & Vohs, Kathleen D. (2003). "Does High Self-Esteem Cause Better Performance, Interpersonal Success, Happiness, or Healthier Lifestyles?". Psychological Science in the Public Interest4 (1), pp. 1–44.
  • Baumeister, Roy F., Campbell, Jennifer D., Krueger, Joachim I. & Vohs, Kathleen D. (2005). "Exploding the Self-Esteem Myth". Scientific American.
  • Lerner, Barbara (1985) "Self-Esteem and Excellence: The Choice and the Paradox". American Educator.
  • Mecca, Andrew M., Smelser, Neil J. & Vasconcellos, John (Eds.) (1989). The Social Importance of Self-esteem. University of California Press.
  • Peixe, Ricardo (2009) "Confiança GT 2.0: Poder Natural em 15 Dias".
  • Potreck-Rose, Friederike & Jacob, Gitta (2006). Selbstzuwendung, Selbstvertrauen, Selbstakzeptanz - Psychoterapeutische Interventionen zum Aufbau von Selbstwertgefühl. Stuttgart: Clett-Kota. ISBN 3-608-89016-5
  • Ruggiero, Vincent R. (2000). "Bad Attitude: Confronting the Views That Hinder Student's Learning". American Educator.
  • Sedikides, C., & Gregg. A. P. (2003). "Portraits of the self." Em M. A. Hogg & J. Cooper (Eds.), Sage handbook of social psychology (pp. 110-138). Londres: Sage Publications.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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