Sobre a esquiva

Olá.

Vou falar um pouco de mim. Tenho 32 anos, sou solteira desde o final da adolescência e não consegui mais me relacionar. Também não tenho filhos nem vida sexual. Vivo ainda na casa dos meus pais por não ter conseguido casa-própria. Tenho um emprego onde ganho pouco, mas me sinto segura a maior parte do tempo. Larguei graduações e pós-graduações por não me ver como alguém capaz de fazê-los. Sou vista por muitos como alguém sociável e engraçada, comportamentos criados para sobrevivência a mim mesma. Não consigo continuar tratamentos, nem persistir em nada. Nada. Já tive transtorno alimentar por conta de meus complexos com o corpo. Gastrite. Bexiga hiperativa. Enxaqueca. Amigdalite eterna. Peço para morrer com uma certa frequência; e logo depois me arrependo, pois amo minha família. Acho a vida um bocado incrível. No fundo, tenho a ilusão de que ela se torne interessante e eu me transforme na pessoa que meus pais esperavam que eu fosse um dia. Ou que eu fosse um terço parecida com as pessoas que conheço e admiro.

Criei esse blog porque me sinto velha. E cansei. Quero melhorar. Quero ajudar quem passa por isso também.

"Eu quero viver, não apenas sobreviver"

É uma luta diária. Acordar, botar a máscara de que está tudo bem e fingir que não está suando frio antes de esticar a mão e pedir para o ônibus parar. Fingir que não está com palpitações porque sabe que o cobrador vai desejar bom dia e você vai ter que falar com as pessoas quando chegar ao trabalho.

Fingir que você não é interessado por alguém porque sabe que não tem a menor chance. Fingir que o trabalho está bom, mesmo que você não tenha condições financeiras de sobreviver, por sabe que não consegue algo melhor.

Algumas pessoas impacientes chamam de frescura. Autopiedade. "Hoje em dia tudo é transtorno". Talvez eu fale disso mais à frente.

Para os que sofrem do Transtorno da personalidade esquiva e quiserem melhorar; vamos tentar caminhar juntos.

Abraço,